20 de setembro de 2012

MONTROSE - MONTROSE (1973)



Montrose é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, ou seja, o Montrose. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 17 de outubro de 1973 pelo selo Warner Bros. A produção do disco ficou a cargo do conhecido produtor Ted Templeman. O trabalho foi gravado no Sunset Sound Recorders, em Hollywood, na Califórnia.



Antes de focar-se na história do primeiro álbum da banda Montrose, far-se-á uma breve pausa para se contar o início de carreira do fundador do grupo, o saudoso guitarrista Ronnie Montrose.

Ronnie nasceu em San Francisco, no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Como sua mãe era originária do Estado norte-americano do Colorado, Ronnie Montrose passou a maior parte de sua infância neste Estado.

Por volta dos 16 anos de idade, Ronnie deixou sua casa no Colorado para seguir seu sonho de ter uma carreira musical. Acabou passando a maior parte de sua vida com base na Baía de San Francisco.

Em 1969, ele iniciou uma banda chamada Sawbuck com o baixista Bill Church. Enquanto ele estava envolvido com o processo de gravação daquilo que poderia ter sido o álbum de estreia do Sawbuck, o produtor David Rubinson conseguiu uma audição do guitarrista com Van Morrison.

Ronnie acabou conseguindo o trabalho e tocou no álbum de Van Morrison de 1971, Tupelo Honey (produzido por Ted Templeman), chegando a gravar a música “Listen To The Lion” durante a mesma sessão de gravações, mas somente lançada no álbum de 1972, Saint Dominic’s Preview.

Ronnie tocou brevemente com o cantor Bozz Scaggs antes de se juntar ao Edgar Winter Group. Ele tocou guitarra, guitarra acústica de 12 cordas e bandolim no terceiro álbum do grupo, lançado em 1972, They Only Come Out at Night. O disco continha grandes sucessos como “Free Ride” e “Frankenstein”.

Depois disso, Ronnie Montrose decidiu que era hora de formar uma banda própria.

A primeira versão do grupo, ainda sem nome, continha o guitarrista Ronnie Montrose, o vocalista então desconhecido Sammy Hagar (na época, Sam Hagar), o baixista Bill Church e o baterista Denny Carmassi.

Sammy Hagar:


Hagar e Carmassi trabalharam juntos em bandas covers do circuito da área da Baía de San Francisco e acabaram sendo recrutados. Já o baixista Bill Church era conhecido de Ronnie desde os tempos do Sawbuck e das gravações com Van Morrison e Ted Templeman.

Aliás, esta conexão de Montrose com Ted Templeman foi muito útil ao grupo. Ted acabou ouvindo as “fitas demo” do conjunto, providenciando à banda um contrato com a Warner Bros.

Foi o próprio Ted Templeman que proporcionou a primeira exposição do Montrose. A banda, ainda sem nome e oficialmente anunciada como 'Ronnie Montrose e Amigos ", fez sua primeira aparição pública em 21 de abril de 1973 através de um programa de rádio de 45 minutos, na KSAN FM,  no show de Tom Donahue.

A transmissão nunca foi lançada oficialmente, mas acabou ganhando grande circulação como um bootleg, ajudando a promover o grupo. A transmissão contou com 10 canções, gravadas no estúdio Record Plant, em Sausalito, consistindo em todo o futuro álbum de estreia do Montrose (exceto a faixa Space Station No. 5) e mais 3 canções nunca lançadas, “Roll Me Nice”, “You’re Out Of Time” e “Roll Over Beethoven”.

Montrose:


A capa é bastante simples, com uma fotografia dos membros da banda. Agora, tratar-se-á, faixa a faixa, o trabalho do álbum Montrose.

Para as gravações do álbum, Ronnie Montrose usou principalmente uma Gibson Les Paul, um amplificador Fender Bandmaster, e uma caixa de efeito Big Muff.

ROCK THE NATION

A primeira faixa de Montrose é “Rock The Nation”.

Um forte e marcante riff de guitarra é a marca característica da canção “Rock The Nation”. O álbum é aberto por uma música bem impactante e, ao mesmo tempo, contagiante. Um típico Hard Setentista. Os vocais de Sammy Hagar são ótimos e a seção rítmica funciona de maneira convincente. Ótima composição!

As letras são bastante simples, em um tom jovem de diversão e celebração:

Been a long education
But my homework is done
I'm gonna Rock the Nation
Just-a wanna have fun, yeah!



BAD MOTOR SCOOTER

A segunda canção do álbum de estreia do Montrose é “Bad Motor Scooter”.

A segunda faixa é aberta com um som que simula uma motocicleta em arrancada. O riff inicial é novamente forte, pesado, mas desta vez bem mais cadenciado. Em alguns momentos da canção, o ritmo é acelerado e os pouco mais de 3 minutos da música flertam brilhantemente com esta oscilação de velocidade. O solo incrivelmente marcante e os vocais precisos e talentosos de Sammy Hagar formam um trabalho excepcional. Brilhante!

A canção também conta com letras simples, com o sentimento de uma pessoa que sente falta de outra. A moto a que a canção se refere pode ser interpretada como a precariedade de uma relação juvenil:

Ooh, the last I seen your face
I swore that no one would take your place
Now since you've been gone I've been feelin' bad, yeah
I'd come out to your place (but)
I'm afraid of your dad. So you...
Ride, ride, ride
Come on baby, ooh yeah
Crank it on up!

“Bad Motor Scooter” é uma das mais conhecidas canções do Montrose, revelando-se um dos clássicos do grupo e presença garantida em seus shows.

Quando a banda estava gravando o álbum, tanto a banda quanto o produtor Ted Templeman não ficaram satisfeitos com a gravação da canção, achando que faltava um “algo a mais” a “Bad Motor Scooter”.

Foi Ronnie Montrose, com a afinação da guitarra em um chamado “Open D” quem conseguiu compor o som que foi incorporado à abertura e ao final da faixa. Nos shows com a formação original do Montrose, Sammy Hagar era quem o reproduzia nas apresentações do conjunto.

Aliás, Hagar foi quem compôs a canção e manteve-a em seu repertório mesmo quando estava em carreira solo, incluindo-a em uma coletânea lançada em 2004 chamada The Essential Red Collection. Mesmo no Chickenfoot, o supergrupo do qual Hagar tem tomado parte atualmente, “Bad Motor Scooter” costuma aparecer no set list.



SPACE STATION #5

A terceira canção do trabalho é “Space Station #5”.

Os primeiros 50 segundos da canção simulam os sons de uma estação espacial, comuns em filmes e séries de TV de ficção científica que abordam o tema. O riff da canção impressiona pela sua intensidade, típico do Rock da década de 70 e, simultaneamente, por seu incrível brilhantismo. Os vocais de Hagar são excelentes e esta é uma das grandes canções da história do grupo. Genial!

As letras são bem legais e sugerem um tom de mudança e desejo de futuro que será positivo:

I remember when it was so clear
We were young but the memory still remains
To pick fruit from a tree, fish from the seas
Now nothin's left here but the stains
But I can't cry no more, can only be glad
That there's other places we can be
If the time suites you right I'm leaving tonight
Come fly away with me!



I DON’T WANT IT

A quarta faixa do álbum de estreia do Montrose é “I Don’t Want It”.

Um riff bem agressivo e pesado, flertando com o Heavy Metal, é a marca da canção “I Don’t Want It”. A bateria de Denny Carmassi também está mais agressiva nesta música, compondo um excelente ritmo para a faixa. Sammy canta de maneira mais agressiva e o solo transborda feeling. Outra excelente canção do trabalho.

As letras apresentam um claro significado de decepção amorosa:

I gave love a chance and it shit back in my face
And I just quit my job makin' toothpicks out of logs
You know it's gettin' thin when your friends turn you in
Better sock away your bread, there's worse times ahead



GOOD ROCKIN’ TONIGHT

“Good Rockin’ Tonight” é a quinta música do álbum Montrose.

A canção tem um riff simples e contagiante, sendo bastante empolgante. Trata-se de um Blues Rock tocado de forma bem rápida e com bastante inspiração, com maior destaque para a guitarra de Ronnie Montrose, que esbanja feeling.

Na verdade, “Good Rockin’ Tonight” é uma versão cover de uma composição escrita e lançada por Roy Brown, um Blues que antecipava alguns elementos do Rock And Roll. Esta versão do Montrose serviu de inspiração para a que foi lançada pelos ingleses do Diamond Head.



ROCK CANDY

A sexta faixa de Montrose é um grande clássico, “Rock Candy”.

Um belo trabalho de bateria de Denny Carmassi abre a canção, que dá espaço para um excepcional riff de Montrose, com bastante peso e inspiração, mas desta vez um pouco mais cadenciado. Um Hard Rock de primeira qualidade, com traços de Heavy Metal, formando uma excelente composição. Sammy Hagar dá uma interpretação incrível à música, contribuindo decisivamente para a qualidade final do trabalho.

O refrão é cantado de maneira empolgante:

But you're rock candy baby
Hard, sweet and sticky
Rock candy baby
Hard, sweet and sticky

“Rock Candy” se tornou uma das mais famosas canções do Montrose. Composta por todos os membros da banda na época, Sammy Hagar acabou sempre a incluindo em sua carreira solo, lançando-a como lado B do single “Little White Lie”, ou mesmo em álbuns ao vivo.

A introdução de bateria feita por Carmassi na faixa foi, segundo Ronnie, inspirada na introdução que o lendário baterista John Bonham faz em “When The Levee Breaks”, do álbum IV, do Led Zeppelin.

Sammy Hagar declarou certa vez: "“Rock Candy” é como um padrão para bandas como Def Leppard ou The Cult. Ao longo dos anos, quem quis fazer uma ‘jam’ comigo, quis tocar “Rock Candy” - Chad Smith, Joe Satriani, Matt Sorum, Slash. Lemmy, do Motörhead, veio até mim em um show na Inglaterra, e o que ele disse? 'Fucking Rock Candy, mate.”

Covers da canção foram feitos por diversas bandas como BulletBoys (para o filme Wayne’s World – Quanto mais idiota melhor), Dixie Witch, Lee Aaron e LA Guns. É trilha do filme The Stoned Age e da série de TV My Name Is Earl.



ONE THING ON MY MIND

A sétima música do álbum é “One Thing On My Mind”.

A canção tem um riff pesado, mas com uma excelente pegada Bluesy, que confere um ritmo muito contagiante à faixa. Contribui também para este aspecto a forma como a música é interpretada pelo vocalista Sammy Hagar, brilhantemente. O solo esbanja feeling e é um dos melhores do trabalho. Excelente canção!

As letras são bastante simples e falam sobre um casal se divertindo:

And baby there's only one thing on my mind
We're gonna have a good time
We're gonna let it all unwind
I'll foot the bill and have some fun if you will



MAKE IT LAST

A oitava – e última – faixa do álbum Montrose é “Make It Last”.

Mais uma vez Ronnie Montrose transpira inspiração logo no início da canção com notáveis linhas de guitarra. Peso e feeling são as marcas desta bela faixa e o casamento com a intensa interpretação de Hagar, formam a combinação perfeita. A seção rítmica faz um trabalho muito bem feito, dando a base exata para o que a música se propõe. Linda canção, com um solo belíssimo!

As letras de “Make It Last” fazem uma inferência de como é quando se quer ter mais idade do que se tem, sendo assim, uma metáfora de envelhecer:

At the time, I wanted to be twenty-one
It seemed the right age for havin' fun
But when I got there I was still too young
And twenty-five seemed to be the one

O Van Halen tocava “Make It Last” quando era ainda uma banda do circuito de pubs de Los Angeles.



Considerações Finais

O álbum de estreia do Montrose não causou impacto no momento inicial de seu lançamento. A modestíssima 133ª posição da parada norte-americana de álbuns é uma prova deste fato, embora músicas como “Rock Candy” e “Bad Motor Scooter” tenham recebido considerável divulgação das rádios.

Muito disto foi devido ao tratamento que a banda Montrose recebeu da gravadora Warner Bros. Com nomes do Hard Rock no seu cast como Deep Purple e The Doobie Brothers, o selo considerou o Montrose como uma banda redundante, não lhe dando a devida atenção.

A verdade é que o álbum atravessou o Atlântico – na Alemanha foi lançado com uma capa diferente e sob o nome “Rock The Nation” – e acabou conquistando a 43ª posição da parada britânica, ultrapassando a casa de 1 milhão de cópias vendidas.

Melhor que isto, o álbum acabou influenciando jovens músicos ingleses que acabariam por fazer covers de diversas canções do trabalho antes e depois da fama de seu grupo – o Iron Maiden. Tanto que a banda Montrose é constantemente citado como uma das grandes influências para a lenda do Heavy Metal mundial.

O Iron Maiden gravou uma versão da canção “Space Station #5” que foi lançada como lado B do single “Be Quick Or Be Dead”.

Com o passar do tempo, tanto a banda como o álbum Montrose se tornaram reconhecidos por fãs e críticos. A mídia especializada cita o grupo como a “resposta americana para o Led Zeppelin” e alguns consideram o álbum Montrose como o primeiro álbum norte-americano de Heavy Metal.

A revista Kerrang! elegeu o álbum Montrose como o 4º melhor álbum de Heavy Metal de todos os tempos no ano de 1989.

Ainda com Sammy Hagar nos vocais, mas com Alan Fitzgerald no baixo, o grupo lançou o ótimo Paper Money, em 1974. Musicalmente diferente de Montrose, o álbum tem uma sonoridade mais comercial e obteve maior repercussão nas paradas de sucesso.

Sammy deixa o Montrose na turnê de divulgação de Paper Money e segue em uma bem sucedida carreira solo, antes de tomar parte no Van Halen no meio da década de oitenta.

Com o vocalista Bob James e o tecladista Jim Alcivar, o Montrose lança mais dois álbuns de estúdio, Warner Brothers Presents... Montrose! (1975) e Jump On It (1976), com os quais a popularidade do grupo atinge seu ápice, antes de entrar em um hiato de 11 anos.

Em 1987, a banda lança o álbum Mean, com o vocalista Johnny Edwards, o baixista Glenn Letsch e o baterista James Kottak.

A formação original do Montrose se reuniu algumas vezes para apresentações – ou participações especiais – nos anos de 1997, 2002 e 2005. Ronnie Montrose superou uma batalha contra um câncer de próstata entre os anos de 2008 e 2010, e voltou bastante ativo e produtivo logo após sua cura. Inclusive, uma noite com a formação original do Montrose estava programada para o Night Club de Sammy Hagar, Cabo Wabo, para uma apresentação em Outubro de 2012.

Infelizmente, após um ataque de depressão e consumo excessivo de álcool, o corpo de Ronnie Montrose foi encontrado morto em 3 de março de 2012, vítima de um ferimento à bala auto infligido.



Formação:
Sammy Hagar – Vocal
Ronnie Montrose – Guitarra
Bill Church – Baixo
Denny Carmassi – Bateria

Faixas:
01. Rock the Nation (Montrose) - 3:03
02. Bad Motor Scooter (Hagar) - 3:41
03. Space Station #5 (Hagar/Montrose) - 5:18
04. I Don't Want It (Hagar/Montrose) - 2:58
05. Good Rockin' Tonight (Roy Brown) - 2:59
06. Rock Candy (Carmassi/Church/Hagar/Montrose) - 5:05
07. One Thing on My Mind (Hagar/Montrose/J. Sanchez) - 3:41
08. Make It Last (Hagar) - 5:31

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/montrose/

Opinião do Blog:
Como já foi publicado algumas vezes aqui no Blog, nem sempre o sucesso comercial imediato é reflexo da qualidade do álbum. O disco de estreia do Montrose acabou sendo mais um destes casos.

Aclamado por muitos fãs e críticos musicais como um dos grandes álbuns de Hard Rock de todos os tempos, o blog é obrigado a se render a essas visões. O álbum Montrose é incrível, de qualidade excepcional.

Um trabalho com apenas 8 canções, sendo 7 autorais, consegue ter músicas como “Rock The Nation”, “Bad Motor Scooter”, “Space Station #5”, “Make It Last” e a incrível “Rock Candy”. Reunidas em um mesmo trabalho, formam um álbum de qualidade muito acima da média.

Ronnie Montrose conseguia compor riffs e linhas de guitarra com muita sensibilidade. Seus solos esbanjavam feeling e seus riffs normalmente possuíam peso, melodia e empolgação nas medidas exatas e no álbum de estreia de sua banda, ele estava em um nível extra de inspiração.

O álbum também nos traz o debut oficial do excelente Sammy Hagar, que ficaria mundialmente conhecido com seus trabalhos solos, no Van Halen e recentemente no Chickenfoot. Sammy já dava amostras de seu talento, cantando de forma especial por todo trabalho.

O Montrose inspirou fortemente o Iron Maiden, em especial, este álbum analisado pelo Blog, o qual indica fortemente que o leitor procure o ouvir com bastante calma e, por que não, a discografia do Montrose. Um dos álbuns preferidos deste blogueiro. Até a próxima!

5 de setembro de 2012

ICED EARTH - THE DARK SAGA (1996)



The Dark Saga é o quarto álbum de estúdio da banda norte-americana Iced Earth. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 23 de julho de 1996, através do selo Century Media e com a produção sob a responsabilidade de Jim Morris e do guitarrista Jon Schaffer. As gravações aconteceram entre janeiro e fevereiro de 1996, no Morrisound Studios, em Temple Terrace, na Flórida.



O Iced Earth é uma banda que passou por várias mudanças em sua formação, tendo o guitarrista e fundador, Jon Schaffer, como membro permanente ao longo de sua existência. A sonoridade da banda sempre foi calcada no estilo Heavy Metal.

Foi em 1984 que Jon Schaffer montou sua primeira banda com o nome de The Rose. A duração do grupo foi curta, com Jon logo depois formando um novo grupo, o Purgatory. O conjunto chegou a gravar uma demo em 1985, intitulada Psychotic Dreams.

Foi já em 1988 que o Purgatory mudou seu nome para Iced Earth. Schaffer disse que o nome foi sugerido por um amigo, o qual morrera antes do guitarrista ir viver na Flórida, em um acidente de motocicleta. Naquela época, o grupo era formado por Gene Adam nos vocais, Randy Shawver na guitarra solo, Dave Abell no baixo, Greg Seymour na bateria e Jon Schaffer na guitarra base e vocais.

Jon Schaffer:


Com esta formação, o conjunto grava outra demo, no ano de 1988, com o nome de Enter The Realm. Todas as faixas deste trabalho acabariam por serem lançadas no álbum de estreia do Iced Earth, com exceção das faixas “Nightmare” e “Enter The Realm”.

Já com Mike McGill na bateria, o Iced Earth assina com a gravadora Century Media Records e começa a trabalhar no seu primeiro álbum de estúdio. Entre 1989 e 1990, o grupo grava as faixas que comporiam o disco.

Seu álbum de estreia, Iced Earth, é lançado em novembro de 1990 na Europa e em fevereiro de 1991 nos Estados Unidos. O grupo promove o álbum na Europa em uma turnê em conjunto com os alemães do Blind Guardian.

O álbum de estreia do grupo é um trabalho pesado, com a sonoridade bastante Heavy Metal Clássica, músicas bem fortes e com ótimos riffs e solos. O blog destaca as ótimas “Iced Earth”, “Written On The Walls” e a excelente “Curse The Sky”.

Apesar do bom trabalho, o álbum de estreia do Iced Earth não repercutiu nas paradas de sucesso.

Logo após a turnê, a banda rapidamente começou a trabalhar no segundo álbum de estúdio do grupo.

Após se recusar a ter aulas de canto, o vocalista da banda Gene Adam é demitido do grupo, sendo substituído por John Greely. Também o baterista Mike McGill deixa o Iced Earth, entrando Richey Secchiari em sua vaga.

Gravado novamente no estúdio Morrisound, com a produção a cargo de Tom Morris e Jon Schaffer, Night Of The Stormrider foi o segundo álbum de estúdio do Iced Earth. Foi lançado em novembro de 1991 na Europa, tendo seu lançamento adiado nos Estados Unidos (abril de 1992), para que não competisse com o álbum de estreia recém-lançado.

Apostando no Heavy Metal, com uma certa pegada de Thrash Metal, o segundo álbum do Iced Earth também é um excelente trabalho. “Angels Holocaust” é uma ótima faixa, assim como “Stormrider”. Também merece destaque a excelente “Travel In Stygian”.

Outra vez, a banda excursionou pela Europa em conjunto com o Blind Guardian. Após esta turnê, a banda entraria em um hiato de três anos, na qual enfrentou diversos problemas que poderiam ter sido o fim do Iced Earth.

Entretanto, já com o vocalista Matthew Barlow e o baterista Rodney Beasley, o Iced Earth lança seu terceiro álbum de estúdio, Burnt Offerings, em abril de 1995.

Com músicas como a faixa-título, “Last December” e a incrível “Dante’s Inferno”, o disco Burnt Offerings é um álbum forte, bem pesado e que apresentou o excelente vocalista Matthew Barlow para os fãs do grupo.

Matt Barlow:


Já em 1996, o Iced Earth voltaria ao estúdio Morrisound, desta vez com Jim Morris, irmão de Tom, como produtor para auxiliar Jon Schaffer na produção daquele que se tornaria o quarto álbum de estúdio da banda.

A banda, desta vez, contaria com o baterista Mark Prator, que substituiu Rodney Beasley. Foi, também, o último álbum a contar com o baixista Dave Abell, que deixou o grupo logo após a gravação do disco.

Embora Abell e Prator tenham gravado o álbum, não são eles que aparecem na fotografia constante no encarte do trabalho, pois a gravadora Century Media Records exigiu que na tal foto constassem os músicos que fariam a turnê promocional do disco.

Então, o baixista Keith Menser e o baterista Brent Smedley é que estão na supracitada fotografia do encarte. Entretanto, Menser foi demitido pouco tempo depois de ter sido contratado, pois ele não aprendeu nenhuma das músicas do grupo para a turnê, vindo a ser substituído pelo baixista James MacDonough.

O nome deste quarto álbum do grupo é The Dark Saga, tratando-se de um álbum conceitual.

O líder da banda, guitarrista Jon Schaffer, é um grande fã da personagem em quadrinhos Spawn. Schaffer procurou o criador da personagem, Todd McFarlane, sobre a possibilidade de escrever uma música sobre Spawn e que esta faria parte da então vindoura adaptação da personagem para o cinema e série animada de televisão. Ainda, Schaffer pediu para Todd fazer a capa do trabalho, no que o autor assentiu.

No decorrer do processo, Schaffer acabou optando por escrever todo o álbum sobre a história de Spawn, mas as participações das canções no filme ou na série animada nunca chegaram a acontecer.

Bom, para o leitor do Blog não chegado em quadrinhos, buscamos na Net (wikipedia) uma pequena descrição de quem é Spawn.

“Spawn é um personagem de quadrinhos criado por Todd McFarlane em 1992. Spawn era o agente da CIA Al Simmons, que após ser morto numa armadilha armada por seu chefe vai para o inferno. Lá, ganha poderes após negociar com o demônio Malebolgia para se tornar um "filho do inferno". Spawn depois revolta-se contra os demônios e passa a enfrentar as criaturas sobrenaturais e da Máfia.”

“Al Simmons era um soldado a serviço do governo norte-americano, que cumpria todo tipo de tarefas perigosas em território doméstico e no exterior. Seguindo ordens de seu superior Jason Wynn, Simmons era escalado principalmente para missões de execução. Tornou-se herói nacional ao salvar o presidente americano de um atentado.”

Spawn:


“Entretanto, Al Simmons começou a se tornar um incômodo para Wynn a partir do momento que passou a questionar suas missões. Quando tais questionamentos se tornaram intoleráveis, Simmons foi traído e morto durante uma missão.”

“Por seus crimes e sua vida de assassino executor, Simmons foi enviado ao inferno. No oitavo círculo fez um pacto com o demônio Malebolgia para voltar à Terra e poder ver sua esposa (Al era extremamente apaixonado por sua esposa, Wanda Blake). Todavia, o pacto incluía a obrigação de Al se tornar um Spawn, um soldado do inferno vestindo um traje simbionte à serviço do demônio, que Malebólgia costuma criar com intervalos de 50 anos (pois a criação de tais soldados consome seu poder) para liderar suas forças no Armagedon. Quando Spawn voltou a Terra, 5 anos haviam se passado e Wanda estava casada com o antigo melhor amigo de Al, Terry Fitzgerald. Confuso por sua nova e inesperada existência como Spawn (que incluía uma pele completamente queimada e feições irreconhecíveis), Al sofre ao ver Wanda com seu velho amigo. Pior ainda: ela tinha com este uma filha chamada Cyan, o que deixou Al ainda mais arrasado, pelo fato de ter sido estéril e portanto não poder ter dado uma filha à Wanda quando era vivo (posteriormente, Wanda teria gêmeos, em uma situação nada natural). Nesse meio tempo, passou a ser atormentado pelo Violador um demônio mandado para confundi-lo e colocá-lo no caminho do mal.”

Voltemos, então, ao álbum e ao Iced Earth.

Musicalmente, o álbum mostra uma direção diferente na sonoridade da banda. As músicas são consideravelmente mais curtas – muitas delas com menos de 4 minutos. Além disso, o processo de criação apostou muito mais em melodias e harmonias vocais, o que diferencia The Dark Saga profundamente de seu predecessor, Burnt Offerings.

Segundo Schaffer, em The Dark Saga, o guitarrista e compositor se encontrava em um momento bem mais feliz e positivo e o álbum, assim, tornou-se o caminho que ele gostaria que a banda seguisse musicalmente. Isto contrapõe-se a Burnt Offerings, segundo o qual, Schaffer se encontrava em um momento mais negativo de sua vida.

Gravado entre janeiro e fevereiro de 1996, The Dark Saga é o primeiro trabalho do grupo com o produtor Jim Morris.

DARK SAGA

Abre o disco a música “Dark Saga”.

A faixa se inicia revelando que o Iced Earth apostaria realmente em melodias e passagens mais suaves. Logo um pesado e clássico riff Heavy Metal passa a ser a base da canção. Os vocais de Matt Barlow são excelentes, mesclando passagens em que o vocalista canta mais calmamente e em outras ele abusa da agressividade.

Liricamente, a primeira faixa conta como Simmons volta a Terra já como Spawn e se recusa a aceitar sua nova realidade:

I know there's goodness in me
Though I'm not the same
I will defy the master
I will refuse to be his slave



I DIED FOR YOU

A segunda faixa do álbum é a clássica “I Died For You”.

Belíssima linha de guitarra, cheia de melodia e suavidade abre a música “I Died For You”. Logo após um riff mais forte e marcante introduz uma passagem um pouco mais pesada. A canção se alterna entre estes tipos de abordagens, construindo uma excelente faixa da discografia do Iced Earth. O solo de Randall Shawver é repleto de feeling e os vocais de Matt Barlow casam-se perfeitamente com a sonoridade. Um espetáculo!

Em suas letras, a canção revela como Simmons reencontra sua amada – agora casada com seu melhor amigo – e se sente culpado por tudo que fez:

The pain was just to much
When I finally saw her
She's happy and in love
In love with my best friend
What makes it hurt so bad
Is that I love them both
And they will never know
For love I sold my soul



VIOLATE

A terceira canção do álbum é “Violate”.

“Violate” se inicia com uma passagem pesada e cadenciada, mas que logo mostra influência de Thrash Metal que o Iced Earth teve, pois a canção apresenta um riff mais veloz e a bateria também mais acelerada. É uma faixa consideravelmente mais agressiva que as duas anteriores e mesmo assim, brilhante.

A canção introduz o demônio Violador, o responsável pelo treinamento de Spawn:

A I'll beat you with your spinal cord
Split your skull in two
I'll feast on your intestines
There's nothing I can't do
I'll rip your heart out of your chest
Watch it beat as you cry
I revel in your agony
I violate and make you die



THE HUNTER

A quarta faixa do trabalho é “The Hunter”.

A banda volta a apostar em uma leve e bela introdução para a canção, mas que rapidamente se desenvolve para um riff de Heavy Metal Clássico. Os vocais de Barlow são bastante fortes e combinam perfeitamente com a música, fazendo um conjunto perfeito. O solo é simples, mas muito bom. Ótima faixa!

Agora o álbum introduz A Caçadora, uma “anja” enviada do Céu para destruir demônios:

Heaven sent the hunter
Her mission to crucify
Slay the hellborn
His offspring demonic force



THE LAST LAUGH

A quinta música de The Dark Saga é “The Last Laugh”.

A faixa é aberta com mais peso. O riff é mais rápido e com uma bateria acelerada. A partir da metade da canção, o peso se mantém, porém, de uma forma um pouco mais cadenciada, entretanto, voltando à velocidade mais à frente. Barlow faz um trabalho incrível!

Nas letras, Malebolgia, o demônio que criou Spawn, passa a torturá-lo psicologicamente:

I am your father destroyer of the light
I've taken your soul and have given you life
You are the damned condemned by my hand
My son creature of the night



DEPTHS OF HELL

“Depths Of Hell” é a sexta faixa do álbum.

A canção é a menor do disco e aposta em uma sonoridade bem clássica do Heavy Metal. No seu início o peso está presente de forma cadenciada, mas acelerando logo em seguida. Uma música com muita influência da New Wave Of British Heavy Metal. Certamente, uma das melhores do trabalho!

As letras demonstram a confusão de Spawn o qual luta contra forças do bem e do mal:

Battles won and nothing gained
Feel the pain
Feel the shock
From the depths of hell



VENGEANCE IS MINE

A sétima canção do disco é “Vengeance Is Mine”.

A partir desta canção, as músicas restantes do álbum são maiores, com mais de quatro minutos. “Vengeance Is Mine” é uma faixa com a sonoridade bem Heavy Metal, com boa pegada e peso tradicional, mas sem nenhuma perda de melodia. Os vocais de Barlow se destacam e o solo de Shawver é dos melhores do disco. Excelente canção.

Nesta faixa, Spawn decide fazer justiça contra um Serial Killer (Billy) que, supostamente recuperado, é colocado em liberdade:

For all the young lives you have slain
Fear now you shall obtain
Vengeance is mine
For every young one that has died
Your psychopathic genocide
Vengeance is mine



SCARRED

A oitava faixa de The Dark Saga é “Scarred”.

“Scarred” começa com uma bela e suave melodia que logo se desencadeia em um riff mais pesado e cadenciado e este, outra vez, dá lugar a uma leve melodia na qual Barlow canta de forma mais sombria. Assim, a canção se alterna entre passagens mais calmas e mais pesadas, resultando em uma música extremamente interessante.

Nas letras, Spawn é retratado como um ser que vive em dualidade com seu sentimento de culpa e sua vontade de mudar sua própria situação:

I brought this all upon myself
Sold my soul to change my life
It's up to me and no one else
The beast in me can't control my life



SLAVE TO THE DARK

A nona canção do álbum é “Slave To The Dark”.

A faixa tem uma pequena introdução bem lenta e leve, mas logo dá lugar a um riff de Heavy Metal tradicional, com peso e certa velocidade. A música tem um ótimo ritmo e o vocalista Barlow a canta de forma bastante inspirada e envolvente. O solo é muito bom.

As letras retratam o sentimento de arrependimento por parte de Simmons e sua busca por perdão:

And so I must repent or will I be destroyed
Will the one that lives in me release me from this lie
And will the wrath of god have mercy on my soul
Or humilate me, desecrate me, like his only son



A QUESTION OF HEAVEN

A décima – e última – canção do trabalho é “A Question Of Heaven”.

“A Question Of Heaven” é a maior faixa do álbum e tem pouco mais de sete minutos. É uma canção que sintetiza todo o disco, pois possui momentos mais pesados e outros mais suaves, sem nunca deixar de ser melódica. Pode-se sentir um quê de Iron Maiden na música e está se tratando de um dos melhores trabalhos feitos pelo Iced Earth, fechando o álbum de maneira magnífica! Barlow está simplesmente perfeito e o solo esbanja feeling.

As letras mostram um Spawn resignado com sua situação, que ainda pede perdão, mas sem muitas esperanças de que seja perdoado e que fez tudo por um amor verdadeiro:

I did what I thought was right
All for the love of my life
I know it's sad but true
Something is very wrong
Condemned to suffer so long
For a love so true



Considerações Finais

A conexão entre o álbum The Dark Saga e a personagem Spawn se mantiveram mesmo após o lançamento do trabalho. O criador da personagem, Todd McFarlane, ficou satisfeito com o resultado do disco, embora nenhuma música tenha entrado nas trilhas sonoras do filme ou da série animada.

Além disso, o álbum também foi vendido em lojas especializadas em quadrinhos, com a banda se apresentando em várias feiras/convenções voltadas para o público fã de HQ.



Durante a turnê para promover The Dark Saga, o grupo chegou a se apresentar com o Nevermore e, também, fez apresentações como banda principal na Alemanha.

Embora o álbum não tenha conseguido entrar nas paradas de sucessos, The Dark Saga recebeu críticas bastante positivas pela mídia especializada.

Sephiroth, do Website Metal Storm, disse que The Dark Saga foi “um grande álbum que deve ser escutado inteiramente e em sua ordem, para se apreender sua linha harmônica que lhe dá unidade”. Já Adrian Bromley, do Website Chronicle of Chaos, achou o álbum “um disco conceitual legal o qual prende o ouvinte do início ao fim”, mas criticou a “falta de peso”. Eduardo Rivadavia, do Allmusic, considerou o álbum forte e um dos melhores do grupo.

Entre as críticas negativas, muita gente reclamou sobre a mudança de direcionamento do grupo musicalmente, em especial a simplificação das composições e a redução do “peso” das músicas, como, por exemplo, Mike Stagno, do Sputnikmusic.

The Dark Saga consolidou um novo estilo para o Iced Earth, além de destacar toda a capacidade do vocalista Matthew Barlow.



Todos os álbuns de estúdio do Iced Earth lançados após The Dark Saga conseguiram entrar nas paradas de sucesso através do mundo, demonstrando a força deste ótimo grupo!

Formação:
Jon Schaffer – Guitarra Base, Backing Vocals
Matt Barlow – Vocal
Randall Shawver – Guitarra Solo
Dave Abell – Baixo
Mark Prator – Bateria, Backing Vocals

Faixas:
01. Dark Saga (Schaffer) - 3:43
02. I Died for You (Schaffer) - 3:47
03. Violate (Schaffer) - 3:38
04. The Hunter (Schaffer) - 3:55
05. The Last Laugh (Barlow/Schaffer/Shawver) - 3:47
06. Depths of Hell (Schaffer/Shawver) - 3:02
07. Vengeance Is Mine (Barlow/Schaffer/Shawver) - 4:22
08. Scarred (Schaffer/Shawver) - 5:54
09. Slave to the Dark (Schaffer) - 4:03
10. A Question of Heaven (Schaffer) - 7:40

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/iced-earth/

Opinião do Blog:
O Iced Earth é uma ótima banda que possui muitos álbuns de qualidade inquestionável em sua discografia. O grupo possui uma sonoridade que, se não é inovadora, é extremamente competente no que se propõe a realizar.

O grupo mantém sua sonoridade calcada em um Heavy Metal Clássico, com boas pitadas de Thrash Metal. O guitarrista, líder e principal compositor do Iced Earth, Jon Schaffer, fez fluir no Iced Earth, toda sua inspiração em ótimas bandas como Blue Öyster Cult, KISS, Metallica e, especialmente, na NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal) e, em particular, no Iron Maiden e na maneira do baixista da donzela de ferro, Steve Harris, de tocar.

The Dark Saga é um álbum brilhante. Musicalmente, a mudança na sonoridade do grupo em comparação com os álbuns anteriores fez transbordar o talento de Schaffer como compositor de lindíssimas linhas de guitarra, sem que, ao mesmo tempo, ele deixasse de compor ótimos e pesados riffs.

O fato de se inspirar em uma personagem sinistra com uma história mais obscura como Spawn, construiu um álbum conceitual muito interessante. A forma como as letras e as músicas se casam constroem um álbum atraente até mesmo para quem não é fã do herói.

Músicas excelentes como “Dark Saga”, “I Died For You” e “A Question Of Heaven” falam por si mesmas e demonstram boa parte da qualidade do trabalho, embora o blog sugira que o leitor ouça a obra por inteiro e acompanhe as letras através de um encarte ou site.

Enfim, se você desconhece o Iced Earth e gosta de uma sonoridade mais tradicional do Heavy Metal, a banda é muito bem recomendada pelo Blog. Dificilmente você se arrependerá em ouvi-los.