7 de julho de 2014

NAZARETH - RAZAMANAZ (1973)


Razamanaz é o terceiro álbum de estúdio da banda escocesa chamada Nazareth. Seu lançamento oficial ocorreu no mês de maio de 1973 através do selo Mooncrest (no Reino Unido) e do A&M (nos Estados Unidos). As gravações aconteceram nos estúdios The Ganghut, em Jamestown, na Escócia com o auxílio do estúdio móvel da Pye Records, entre dezembro de 1972 e março de 1973. As mixagens foram realizadas no AIR Studios, em Londres, com a produção do disco sob responsabilidade do baixista do Deep Purple, Roger Glover.


Uma das mais produtivas e batalhadoras bandas do Hard Rock, o Nazareth é um nome importante do estilo (e um dos mais subestimados também). Na década de 70, o grupo lançou vários álbuns de ótima qualidade. O Blog vai contar resumidamente a história do grupo para depois abordar o álbum propriamente dito.

Os primórdios do Nazareth datam de 1961, oriundos de uma banda chamada The Shadettes, formada pelo baixista Pete Agnew, na cidade escocesa de Dunfermline.

Alguns anos depois entraram para a banda o baterista Darrell Sweet e o vocalista Dan McCafferty, este último, colega de escola desde a infância do baixista Pete Agnew.

Fazendo seus covers e shows nos bares noturnos da região de Dunfermline, o The Shadettes ia criando fama na sua área de atuação. Mas tudo começaria a mudar em 1968.

Pete Agnew

Foi naquele ano que o guitarrista espanhol de nome Manny Charlton entrou para a banda. Um pouco mais velho e experiente, Manny incentivou os demais componentes do grupo a começarem a compor músicas próprias.

Assim, a banda decidiu que era o momento de tentar mudar de patamar. A primeira transformação foi o nome da banda, que passou a ser Nazareth.

Com Dan McCafferty nos vocais, Pete Agnew no baixo, Manny Charlton na guitarra e Darrell Sweet na bateria, o Nazareth deixa a Escócia e parte para Londres, na Inglaterra, já em 1970. Em uma metrópole, as chances e oportunidades para o grupo crescer seriam bem maiores.

Já em 1971 e pelo selo Pegasus, a banda lançou seu primeiro álbum, chamado apenas de Nazareth. O disco continha 9 canções, sendo 8 autorais e 1 cover, “Morning Dew”, do Bonnie Dobson.

Embora um trabalho interessante e, nos dias atuais, seja considerado um clássico pelos fãs da banda, o primeiro álbum do Nazareth não fez qualquer sucesso e praticamente não obteve nenhuma repercussão, especialmente em matéria de vendagem.

Em julho de 1972 saiu o segundo álbum de estúdio do grupo, Exercises. Desta vez a banda conseguiu mais atenção da mídia, mesmo que pequena.

Exercises continha 10 canções, todas autorais, bem como uma linguagem mais suave, com muitos arranjos acústicos e uma mais densa influência Folk. Trata-se de um trabalho que foge ao som clássico que o Nazareth desenvolveu durante sua carreira.

Pouco tempo depois, a banda mudou para a gravadora Mooncrest (a qual relançaria os dois primeiros álbuns do grupo). E começaria a trabalhar em seu terceiro álbum de estúdio, Razamanaz.

O Nazareth excursionou juntamente com o Deep Purple, já um dos gigantes do Rock naquela época. Foi uma excelente oportunidade para o grupo ficar mais conhecido entre os fãs do estilo.

Dan McCafferty

Além disto, foi nesta ocasião que a banda conheceu Roger Glover, o baixista do Deep Purple, que aceitou o convite para ser o produtor do novo álbum do grupo.

O disco foi gravado em um estúdio chamado The Ganghut, na cidade de Jamestown, na Escócia, com o auxílio do estúdio móvel da Pye Records. A mixagem ocorreu no AIR Studios, em Londres. Todo processo ocorreu entre dezembro de 1972 e março de 1973.

A capa é bastante simples, com um relâmpago estilizado. Vamos às canções:

RAZAMANAZ

A faixa de abertura do álbum é uma pedrada. Um riff bem pesado, impactante e com força suficiente para os fãs vibrarem. O ritmo é mais cadenciado, mas é uma excelente amostra do que era o Hard Rock setentista em sua fase mais inicial. Excepcional abertura do trabalho!

A letra mostra como seria uma apresentação do grupo:

All of the world loves a raver
We're playin' for ravers who savor the flavor
You all appear calm and collected
Razamanazin' you never expected



ALCATRAZ

Peso e melodia se misturam nesta versão de “Alcatraz”, de Leon Russell. O riff principal é contagiante e a música empolga, mas o maior destaque vai para a maciça presença do baixo de Pete Agnew. Bom momento do trabalho.

A letra fala sobre alguém voltando ao presídio de Alcatraz:

Local chief's on the radio
He's got some hungry mouths to feed
Goin' back to Alcatraz
Here comes Uncle Sam again with the same old bag of beans



VIGILANTE MAN

“Vigilante Man” é outra versão do Nazareth para uma canção de terceiros, desta feita, uma composição de Woody Guthrie. Na maior parte da faixa, o ritmo é arrastado, com o baixo dando certo peso, mas com o andamento bem lento. Destaque total para os vocais de Dan McCafferty.

A letra é simples e espelha a vida comum:

I've been hearin' his name all over this land
Lonely nights down in the engine house
Sleepin' just as still as a mouse
Man comes home, chase the crowds in the rain
That's a vigilante man



WOKE UP THIS MORNING

A guitarra de Manny Charlton começa bastante saliente no início da canção, posteriormente se desenvolvendo em um riff bastante criativo e contagiante. O andamento é mais lento, com o baixo de Agnew bem presente, além dos bons solos de Charlton. Ótima faixa!

A letra é uma brincadeira com a fugacidade da vida:

Woke up this morning
My dog was dead
Someone disliked him
And shot him through the head
I woke up this morning
And my cat had died
I’m gonna miss her
Sat down and cried

“Woke Up This Morning” é uma regravação da canção que estava presente no primeiro álbum da banda.



NIGHT WOMAN

A bateria de Darrell Sweet e o baixo de Pete Agnew dão o ritmo inicial de “Night Woman”. O andamento da música é lento com a presença da guitarra distorcida de Manny Charlton. Embora a percussão seja bastante proeminente e haja momentos interessantes, não é dos momentos mais sublimes do disco.

A letra fala sobre uma mulher ideal imaginária:

Comes, stays, then disappears
In the morning sun my vision clears
I could smell the roses in her hair
But when I awoke she was not there



BAD BAD BOY

Muita melodia e intensidade, com o peso na medida certa, constroem um dos mais criativos riffs do Hard Rock Setentista. O riff transpira sensualidade e baixo e bateria fazem um acompanhamento preciso e contando com a interpretação fantástica de Dan McCafferty. Um grande clássico do Rock!

A letra fala de um jovem malicioso:

Then I'm gonna rip you off
There seems to be no end
Of women who are lookin' for a man
My services don't come cheap
But I help out when I can


Um grande clássico, “Bad Bad Boy” foi lançada como single para promover o álbum. Ela alcançou a ótima 10ª posição da parada britânica de singles, permanecendo na mesma por 9 semanas consecutivas.



SOLD MY SOUL

Bastante peso e um ritmo mais cadenciado marcam o início de “Sould My Soul”. O clima é mais tenso e melancólico que o do restante do álbum, mas formam uma das canções mais interessantes do mesmo. McCafferty canta de maneira soberba, casando perfeitamente sua voz ao clima denso do instrumental. Espetáculo!

A letra é bastante tensa:

I prayed to God and Jesus
But I guess they didn't hear
My sacrifice was useless
My pleas fell on deaf ears
So I cried in desperation
Bowed to evil sorcery



TOO BAD TOO SAD

Na menor faixa do disco, o Nazareth aposta em um Hard Rock típico setentista, com o ritmo e a velocidade nas doses exatas compondo o riff principal da canção. A empolgação é grande, o solo de Charlton é ótimo e os vocais de Dan também. Outro ponto alto do trabalho!

A letra é inteligente e fala da temporariedade da felicidade:

Had a pretty wife
She was all I could need
Gave me what I wanted
Never had to plead
One day a man called
And he put me wise
Shes doin' the same thing
With ten other guys



BROKEN DOWN ANGEL

Um riff muito melódico e suave é a base para a nona – e última – faixa de Razamanaz, “Broken Down Angel”. Embora não seja uma balada, o andamento da canção é mais cadenciado e ela possui bem menos peso que suas antecessoras. Outra excelente composição.

A letra fala de uma decepção amorosa:

She's only a bird that's broke her wing
She's only someone, somone who's gone wrong
She's only a child that's lost her way


“Broken Down Angel” é outro clássico do Nazareth, a qual se tornou muito popular e presença certa nos shows da banda, especialmente por volta dos anos 70.

Lançada como single, atingiu a 9ª colocação da principal parada britânica desta natureza, onde permaneceu por cerca de 11 semanas consecutivas.



Considerações Finais

Impulsionado por dois clássicos que se tornaram singles de muito sucesso (“Broken Down Angel” e “Bad Bad Boy”), o álbum Razamanaz também acabou se tornando o primeiro sucesso comercial do Nazareth.

Razamanaz atingiu a excelente 11ª posição da principal parada britânica de álbuns, embora tenha conseguido apenas a inexpressiva 157ª posição de sua correspondente norte-americana. Mas no Canadá o álbum obteve a 39ª colocação, bem como a 48ª na parada germânica.

Aproveitando o sucesso de Razamanaz e, especialmente, dos dois singles do álbum, o grupo entrou novamente em estúdio naquele mesmo ano e lançou outro trabalho ainda em 1973, o ótimo Loud ‘N’ Proud.



Formação:
Dan McCafferty - Vocais
Darrell Sweet - Bateria, Percussão, Backing Vocals
Pete Agnew – Baixo, Backing Vocals
Manny Charlton - Guitarra e Violão, Banjo, Backing Vocals

Faixas:
01. Razamanaz (Agnew/Charlton/McCafferty) - 3:52
02. Alcatraz (Leon Russell) - 4:23
03. Vigilante Man (Woody Guthrie) - 5:21
04. Woke Up This Morning (Agnew/Charlton/McCafferty/Sweet) - 3:53
05. Night Woman (Agnew/Charlton/McCafferty/Sweet) - 3:29
06. Bad Bad Boy (Agnew/Charlton/McCafferty/Sweet) - 3:55
07. Sold My Soul (Agnew/Charlton/McCafferty/Sweet) - 4:49
08. Too Bad Too Sad (Agnew/Charlton/McCafferty/Sweet) - 2:55
09. Broken Down Angel (Agnew/Charlton/McCafferty/Sweet) - 3:45

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/nazareth/

Opinião do Blog:
O Nazareth nunca gozou de muito prestígio com a mídia especializada sobre música. Entretanto, o Blog pensa que, para fãs de Hard Rock Setentista, é uma obrigação o ouvinte pelo menos ter contato com o grupo escocês.

Foi naquela década que a banda lançou ótimos álbuns como Hair Of The Dog, Rampant e o excelente Razamanaz, apenas como exemplo. A discografia do Nazareth da década de 70 deve ser ouvida e apreciada com muita atenção.

Razamanaz é um álbum muito sólido. Suas composições são muito bem estruturadas, o som empolga e cativa, pois os escoceses esbanjam talento em comporem melodias que conquistam os fãs de seu estilo.

Dan McCafferty é um excelente vocalista. Durante todo o álbum, sua voz consagra as ótimas canções do disco. Ele é citado como forte influência do vocalista do Guns ‘N Roses, Axl Rose.

Manny Charlton também se mostra criativo e cativante em seus riffs e solos. E, talvez por um baixista ser o produtor do disco (Roger Glover), o baixo de Pete Agnew está presente por todo o disco de maneira intensa.

As letras são interessantes e valem uma olhadela em seu conteúdo.

Clássicos como “Bad Bad Boy” e “Broken Down Angel” dispensam maiores comentários, dadas suas qualidades inquestionáveis. “Too Bad Too Sad” e “Razamanaz” também são ótimas e não há muitas palavras que possam descrever a beleza e intensidade da excepcional “Sold My Soul”.

Mesmo a regravação da boa “Woke Up This Morning” e a presença de dois covers (ambas coisas que não costumam me agradar) não diminuem o valor absurdo de Razamanaz.


Sendo assim, o Blogeiro confessa ser um fã da banda Nazareth e pede que o leitor deixe o preconceito de lado e dê uma chance para o som dos escoceses. Especialmente indicado para fãs de Hard Rock Setentista.

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